Muitas pessoas não sabem o valor que seus dados pessoais possuem, e por isso disponibilizam suas informações em diferentes sites e plataformas, sem medo algum das consequências. E é desse e de outros descuidos cibernéticos que a engenharia social se beneficia.
Não é preciso utilizar malwares sofisticados ou falhas de segurança complexas, em vez disso, os cibercriminosos exploram o fator humano e podem gerar resultados devastadores.
Para entender melhor o funcionamento, tipos e consequências da engenharia social, continue lendo este artigo.
O que é engenharia social?
A engenharia social é uma técnica de manipulação psicológica usada por criminosos para obter informações confidenciais, acesso a sistemas ou vantagens financeiras. Em vez de explorar falhas técnicas, os ataques se concentram no erro humano, persuadindo as vítimas a revelar dados sensíveis ou executar ações perigosas.
Essa prática não é nova. Muito antes da era digital, criminosos já se passavam por funcionários, técnicos ou figuras de autoridade para obter acesso a áreas restritas. No ambiente digital, o mesmo conceito se aplica com a criação de e-mails falsos e mensagens de duplo sentido, que têm o objetivo de convencer a vítima.
Como funciona a engenharia social?
A engenharia social é baseada na interação e erro humano, a partir de estratégias psicológicas.
Em alguns casos, métodos simples como frases mais diretas do tipo “clique aqui e ganhe um prêmio” são utilizados, para que invasores consigam acessar dados de pessoas que não possuem tanto conhecimento ou malícia dentro do mundo cibernético.
Os usuários são conduzidos por engano a violar procedimentos básicos e conselhos de segurança, como não acessar links desconhecidos, que vão proteger suas próprias informações.
E mesmo que as pessoas menos informadas tecnologicamente sejam os principais alvos, as técnicas de engenharia social podem ser aplicadas em qualquer um. Redes sociais como o Facebook e LinkedIn são amplamente usadas por criminosos que, por meio de pesquisas, atraem novas vítimas.
Tipos de ataques que usam a engenharia social
Como explicado acima, existem diversos tipos de ataques de engenharia social. Todos têm o objetivo de induzir usuários a erros que acarretam no acesso a dados, informações e ambientes digitais sigilosos.
Confira alguns exemplos:
Ataques de phishing
Um exemplo clássico de uso da engenharia social são os ataques de phishing, uma técnica em que cibercriminosos enviam mensagens falsas para diversas pessoas, imitando comunicações legítimas para enganar as vítimas.
Bancos, operadoras de cartão de crédito e redes sociais são frequentemente usados como iscas. Os criminosos se passam por essas instituições e empresas confiáveis e conhecidas, copiando sua identidade visual, e-mail e layout, levando o usuário ao erro de acatar aos pedidos feitos, e disponibilizar sem perceber, informações pessoais e importantíssimas.
Quid pro Quo
Aqui, o usuário é levado ao erro quando recebe uma mensagem, geralmente no formato de um e-mail, avisando que recebeu algum tipo de benefício, prêmio, ou até mesmo que seu computador está com um problema grave.
Em troca de mais informações é solicitado o CPF ou outros dados pessoais da pessoa, e assim, o roubo ou o acesso a contas e espaços sigilosos é feito.
Spamming de contatos
Esse é um tipo de ataque muito perigoso, em que e-mails que já foram comprometidos em vazamento de dados são utilizados por cibercriminosos que os usam para enviar mensagens para a lista de contatos, induzindo outras pessoas a clicarem em links maliciosos ou disponibilizarem seus dados e acessos.
O cenário dentro das grandes empresas
Apesar do grande foco dos ataques de engenharia social terem como principais alvos pessoas físicas, eles também podem trazer malefícios para muitas empresas.
Segundo a 3ª Pesquisa Nacional BugHunt de Segurança, 43% das instituições enfrentaram ao menos uma tentativa de golpe cibernético em 12 meses e 35% das empresas participantes contabilizaram uma investida de phishing.
Esses dados demonstram que ataques de engenharia social são uma ameaça concreta no ambiente corporativo, tornando necessário a conscientização e o treinamento dos funcionários para diminuir os riscos.
Exemplos engenharia social no mundo
A engenharia social já foi responsável por grandes violações de segurança. Veja alguns casos marcantes:
Deepfake e o golpe multimilionário
Em fevereiro de 2024, uma empresa multinacional sofreu um golpe de US$ 25,6 milhões devido ao uso ilegal de deepfakes.
Segundo o South China Morning Post, criminosos recriaram digitalmente o diretor financeiro da empresa e organizaram uma videoconferência onde todos os participantes, exceto a vítima, eram avatares gerados por IA. Durante a reunião falsa, ordens de transferência de dinheiro foram emitidas, enganando completamente a vítima.
O caso reforça como a engenharia social, combinada com tecnologia avançada, pode causar danos financeiros massivos.
Caso FACC e o golpe por e-mail
A empresa austríaca FACC, fabricante aeroespacial, perdeu cerca de 42 milhões de euros em um golpe sofisticado. Criminosos falsificaram o e-mail do CEO e enviaram uma solicitação "urgente" de transferência de fundos para um funcionário do setor financeiro. Sem desconfiar, o empregado realizou a transferência para a conta dos golpistas.
Esse caso evidencia como ataques bem planejados podem enganar até mesmo profissionais experientes.
Como se proteger desses ataques?
Com a explicação de alguns exemplos você já pode perceber que a engenharia social é uma ferramenta extremamente perigosa, e que estar sujeito ao erro de fornecer seus dados não é uma realidade tão distante, certo?
Se proteger desses ataques envolve mais do que apenas baixar um antivírus ou algo do tipo, visto que o que é explorado nesses casos é o próprio erro humano.
No entanto, nem tudo está perdido. Certas ações e cuidados podem ser tomados para que você e sua empresa não caiam nesse tipo de armadilha. Veja algumas dicas:
Sempre confira a fonte
Apesar dos e-mails ou mensagens enviadas em ciberataques serem muito parecidas ou até idênticas as enviadas pelas empresas e instituições reais, sua fonte não pode ser igual. Veja a descrição ou endereço de quem está enviando o e-mail.
Já em casos em que equipamentos físicos são utilizados, saiba sua origem antes de sair conectando o objeto ao seu computador.
Sempre cheque o remetente! Os invasores podem ser pegos sempre em detalhes. Pode ser uma letra, um ponto ou até um nome inteiro que não condiz com o local ou pessoa que está enviando a mensagem.
Fique atento às informações
Principalmente nos casos em que identidades falsas de pessoas próximas ou conhecidas são utilizadas, confira o que esse perfil sabe realmente sobre você.
Faça perguntas pessoais, ou que só pessoas que realmente te conhecem vão saber responder. Essa é uma ótima forma de identificar um perfil falso e que pretende te roubar ou fazer com que você clique em links maliciosos.
Invista na proteção de seus dispositivos e sistemas
A proteção de armadilhas que utilizam engenharia social não é fácil, mas caso você já invista em segurança e proteção de dispositivos e sistemas, o bloqueio de acessos ou até a reparação dos danos pode ser mais fácil.
Como criar uma cultura de prevenção?
Para combater a engenharia social, a conscientização é fundamental. E, para isso, é preciso implementar a cultura de prevenção. Empresas e indivíduos devem adotar práticas de segurança para minimizar os riscos. Algumas medidas essenciais incluem:
- Educação contínua: treinamentos regulares sobre ameaças cibernéticas e boas práticas de segurança.
- Verificação de fontes: sempre confirmar a autenticidade de e-mails, ligações e solicitações de informações.
- Controle de acesso: restringir o acesso a informações sensíveis apenas a pessoas autorizadas.
- Dupla autenticação: ativar a verificação em dois fatores para dificultar acessos não autorizados.
Criar uma cultura de segurança dentro das empresas reduz significativamente os riscos de ataques.
Implemente o Bug Bounty em sua empresa
Para complementar a segurança, uma forma de entender se seus sistemas e dispositivos estão realmente seguros é a contratação de um programa de Bug Bounty.
O Bug Bounty é um tipo de programa de recompensas, em que hackers invadem a rede ou sistema de sua empresa para conferir quais as possíveis vulnerabilidades, e em quais áreas o cibercriminoso pode tirar proveito.
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