Quando falamos em cibersegurança, costumamos pensar em falhas pontuais: uma credencial exposta, um servidor vulnerável, um e-mail malicioso que passou despercebido. Mas a realidade é que esses pontos de entrada raramente ficam restritos ao primeiro impacto. Eles se expandem, se multiplicam e atingem áreas muito além do que parecia ser o problema inicial. Esse efeito tem nome: blast radius ou em português raio de explosão.
Assim como no mundo físico uma explosão não causa danos apenas no epicentro, mas também em tudo ao redor, no digital o raio de explosão mostra até onde pode se espalhar o impacto de uma invasão ou vazamento. E entender isso é essencial para qualquer organização que queira avaliar riscos de forma realista. Saiba mais neste artigo!
O que é raio de explosão
O termo “raio de explosão” nasceu no campo militar, descrevendo a área afetada por uma detonação. A ideia é simples: a explosão não atinge apenas o ponto de impacto, mas tudo ao redor.
Na cibersegurança, a analogia ajuda a visualizar como uma única falha pode gerar uma onda de danos.
Uma conta de usuário comprometida, por exemplo, pode abrir acesso a dados sensíveis, permitir movimentos laterais entre sistemas e, em casos críticos, chegar a ativos estratégicos da organização. Quanto mais privilégios essa identidade tiver, maior será o raio de explosão. E quanto maior a rede de integrações, fornecedores e parceiros, mais longe o efeito se propaga.
Por que o raio de explosão cresce com o tempo
O raio de explosão não é fixo. Ele tende a aumentar conforme a operação digital da empresa cresce. Entre os fatores mais comuns estão:
- Funções e direitos acumulados: novas contas e permissões geram portas de entrada adicionais.
- Privilégios permanentes: acessos contínuos a sistemas críticos permitem movimentos sem barreiras.
- Dependências externas: integrações e fornecedores podem propagar impactos para além da própria infraestrutura.
Esses elementos fazem com que um incidente aparentemente pequeno possa se transformar em uma crise abrangente.
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Como medir e controlar o impacto do raio de explosão
Avaliar o raio de explosão envolve quantificar o alcance de uma falha e implementar controles que limitem sua propagação. As ações essenciais incluem:
Inventário e controle de acessos
Mapear sistemas, contas e permissões. Identificar privilégios excessivos e contas antigas evita que uma brecha inicial se espalhe.
Avaliação de risco estruturada
Metodologias como NIST, ISO 27001 ou FAIR ajudam a classificar ativos, identificar ameaças e mensurar impactos financeiros ou operacionais.
Testes e simulações de ataque
Red Team, pentests e exercícios práticos permitem observar até onde um ataque real poderia se expandir, transformando a avaliação em dados concretos.
Proteção contínua e monitoramento
Segmentação de rede, firewalls, autenticação forte (MFA/biometria) e monitoramento de endpoints detectam movimentos suspeitos antes que se propaguem.
Auditorias e programas de bug bounty
Verificações periódicas e programas de bug bounty ampliam a chance de identificar vulnerabilidades antes que sejam exploradas por atacantes, ganhando uma camada extra de proteção contra falhas que poderiam passar despercebidas internamente.
Cultura e conscientização
Treinamentos regulares fazem de cada funcionário uma linha adicional de defesa, complementando controles técnicos.
Essas medidas não apenas reduzem o risco, mas também permitem medir o impacto de incidentes, já que cada controle cria pontos de visibilidade sobre a propagação de falhas.
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Exemplo real: SolarWinds (2020)
Um caso emblemático que ilustra o conceito de raio de explosão é o ataque à SolarWinds.
O que aconteceu: um software de monitoramento corporativo usado por centenas de empresas e órgãos governamentais foi comprometido por um ataque sofisticado.
Raio de explosão: a invasão começou em um fornecedor e rapidamente se espalhou para diversas organizações, incluindo agências críticas nos EUA, demonstrando como um ponto de entrada isolado pode gerar impactos em toda a cadeia de parceiros.
Por que é relevante: mostra que o raio de explosão não está restrito à infraestrutura interna de uma empresa. Dependências externas, integrações e fornecedores também podem ampliar dramaticamente o impacto de uma falha.
Contudo, o conceito de raio de explosão digital oferece uma visão mais madura sobre segurança: não basta identificar onde ocorreu a falha, é preciso entender até onde ela pode se propagar.
Medir o impacto envolve inventário de ativos, análise de permissões, simulações e métricas concretas. Assim, as empresas preparadas mapeiam cenários, simulam impactos e implementam barreiras inteligentes.
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