Com o aumento do uso de diferentes plataformas e ferramentas digitais nas organizações, a interoperabilidade passou a ocupar uma posição estratégica. Ela garante a continuidade dos processos, a consistência dos dados e a eficiência das operações. Mas também representa um ponto sensível:
Onde há conexão entre sistemas, há uma superfície de risco a ser considerada.
Mais relevante do que saber se os sistemas são interoperáveis é entender se essa conexão ocorre de maneira segura. Sem esse cuidado, o que deveria facilitar o trabalho pode se transformar em vulnerabilidade crítica. Continue a leitura deste artigo e saiba mais!
O que é interoperabilidade e por que ela importa
De forma direta, interoperabilidade é a capacidade de diferentes sistemas, softwares e plataformas trocarem informações entre si de maneira eficiente, compreensível e segura. O conceito vai além da simples integração: trata-se da fluidez no diálogo entre ambientes distintos, mesmo que criados por fornecedores diferentes ou desenvolvidos com arquiteturas tecnológicas específicas.
Isso significa que, quando bem implementada, a interoperabilidade permite que dados fluam com consistência por toda a infraestrutura digital de uma organização.
E os benefícios são claros:
- Redução de silos de informação, permitindo uma visão mais ampla e estratégica do negócio;
- Aumento da produtividade, com menos retrabalho e maior automação;
- Maior eficiência operacional, ao evitar redundâncias e incompatibilidades entre sistemas;
- Melhor tomada de decisão, com dados mais completos, integrados e atualizados.
Em áreas críticas como saúde, finanças, logística e segurança, a interoperabilidade é requisito básico. No entanto, à medida que as conexões entre sistemas aumentam, o risco também se amplia — especialmente quando o projeto não considera os requisitos de segurança desde o início.
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Como a falta de interoperabilidade pode impactar a cibersegurança
A ausência de interoperabilidade – ou, pior, sua implementação mal planejada – pode gerar vulnerabilidades difíceis de detectar até mesmo por equipes experientes. Em termos de cibersegurança, os riscos se acumulam em diferentes camadas da infraestrutura:
Falta de padronização entre sistemas
Sistemas distintos operam com modelos de dados, linguagens e protocolos diferentes. Sem padronização, as integrações ficam sujeitas a falhas, perda de dados ou inconsistências — o que impacta diretamente a confiabilidade das informações.
APIs sem documentação clara e integrações improvisadas são frequentemente exploradas por atacantes.
Integrações que ampliam a superfície de ataque
A interoperabilidade aumenta os pontos de contato entre sistemas. Se essas conexões não forem protegidas, a superfície de ataque se expande. Isso abre caminho para movimentações laterais, escalonamento de privilégios ou interrupção de serviços críticos.
A integração entre sistemas legados e soluções mais recentes é um ponto crítico.
Dificuldades de controle de acesso e monitoramento
A comunicação entre sistemas exige autenticação, autorização e rastreabilidade. Quando esses controles são fragmentados, o monitoramento fica comprometido. A ausência de visibilidade dificulta a resposta a incidentes e o cumprimento de normas de conformidade.
Fragilidade na proteção de dados sensíveis
Ambientes interoperáveis lidam com dados confidenciais. Sem criptografia ponta a ponta, segmentação de redes e políticas claras, os riscos aumentam.
Ambientes com múltiplos fornecedores ou estruturas híbridas também dificultam o controle e a governança dos dados.
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Interoperabilidade segura: um compromisso que começa no planejamento
Para que a interoperabilidade atue a favor da segurança, ela precisa ser tratada como um projeto estratégico. Isso envolve:
- Adoção de padrões abertos e bem documentados, que facilitem integrações seguras;
- Uso de protocolos de comunicação criptografados, como TLS e HTTPS, em todas as interfaces;
- Gerenciamento centralizado de identidades e acessos (IAM), com autenticação multifator e registro de logs;
- Análise contínua de vulnerabilidades nas integrações existentes;
- Auditorias regulares e testes de vulnerabilidade focados nas interfaces de interoperação.
O tema deve ser acompanhado por lideranças técnicas e executivas. A interoperabilidade segura impacta a continuidade do negócio, os indicadores de conformidade e a reputação da organização.
Em um cenário digital altamente conectado, a interoperabilidade é determinante para a eficiência e a segurança das organizações. Mas, para funcionar como deveria, requer maturidade técnica, visão estratégica e governança clara.
A pergunta central não é se os sistemas vão se integrar. É como garantir que essa integração aconteça de forma confiável, resiliente e protegida contra ameaças.
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