Nos últimos anos, a inteligência artificial - IA emergiu como uma das ferramentas tecnológicas mais influentes na sociedade. Sua capacidade de processamento de dados e automação vem revolucionando diversos setores, e as eleições não ficaram de fora desse impacto. Isso porque, o uso de IA nas eleições, tanto de forma positiva quanto negativa, está moldando a maneira como o processo democrático ocorre em todo o mundo.
Nesse contexto, a questão que surge é como balancear os benefícios dessa tecnologia com seus potenciais riscos. Continue a leitura para entender!
IA nas eleições: aliada ou inimiga?
Como qualquer avanço no mundo da tecnologia, a IA nas eleições tem dois lados:
As vantagens:
Um dos maiores benefícios do uso de IA nas eleições é a possibilidade de otimizar processos e aumentar a transparência. Ferramentas de IA são capazes de analisar grandes volumes de dados de forma rápida e precisa, o que pode ser aplicado em diferentes etapas do processo eleitoral, desde a organização logística das eleições até a verificação de contas de candidatos e a análise de doações eleitorais.
Com a IA, é possível processar rapidamente informações sobre eleitores, otimizando os sistemas de votação e a verificação de dados, o que pode reduzir fraudes eleitorais e minimizar erros humanos. Além disso, a IA pode ser utilizada para monitorar campanhas eleitorais e identificar padrões suspeitos de financiamento ou comportamento que possam indicar ilegalidades.
Outra vantagem é que a IA pode ajudar a tornar as campanhas eleitorais mais acessíveis a candidatos com menos recursos. Ao utilizar a automação, pequenos candidatos podem produzir materiais de campanha de qualidade com um custo muito menor. Isso nivela o campo de jogo, permitindo que mais vozes sejam ouvidas e aumentando a diversidade nas disputas eleitorais.
Os desafios:
Entretanto, o uso de IA nas eleições levanta questões éticas. Um dos maiores problemas é a disseminação de fake news e desinformação através de tecnologias como deepfakes - vídeos e áudios gerados por IA que podem manipular declarações e imagens de candidatos de maneira incrivelmente convincente. Esse fenômeno já causou preocupação em eleições recentes ao redor do mundo. Em uma era digital onde a informação é amplamente compartilhada e consumida rapidamente, o impacto de deepfakes pode ser devastador.
Além disso, a IA também pode ser usada para direcionar anúncios políticos com base em dados pessoais, o que levanta preocupações sobre privacidade e manipulação eleitoral. Algoritmos sofisticados podem ajudar campanhas a identificar eleitores indecisos e influenciá-los com mensagens altamente personalizadas. E, apesar de aumentar a eficiência da campanha, essa prática pode desequilibrar o processo eleitoral, beneficiando candidatos com maiores recursos tecnológicos e financeiros.
Leia também: A segurança dos sistemas de urnas eletrônicas
A regulamentação do uso de ia nas eleições
Diante desse cenário, a regulamentação do uso de IA em campanhas eleitorais é essencial. No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já tomou medidas ao incluir regras específicas sobre o uso de IA nas eleições de 2024. Entre essas regras, inseridas na atualização da Resolução nº 23.610, está a proibição de deepfakes e a obrigação de avisar explicitamente os eleitores quando o conteúdo de uma propaganda for gerado por IA.
Essas novas regulamentações buscam proteger a integridade das eleições e impedir que a IA seja utilizada de forma abusiva, especialmente para manipular eleitores por meio de desinformação. A proibição de deepfakes, por exemplo, é uma resposta direta à crescente preocupação com a produção de conteúdos que podem distorcer a imagem ou as declarações de candidatos.
Além disso, a regulamentação também impôs restrições ao uso de robôs para simular interações com eleitores, uma prática que tem se tornado cada vez mais comum nas campanhas digitais.
E, tem mais: as plataformas que não removerem conteúdo com desinformação ou discurso de ódio também poderão ser responsabilizadas legalmente. Inclusive, o TSE lançou o Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral (SIADE), que permite os eleitores denunciarem materiais suspeitos, auxiliando na fiscalização de possíveis violações durante a campanha.
O futuro das eleições com IA
O impacto do uso de IA nas eleições é inegável e multifacetado. Se por um lado a IA pode aumentar a eficiência e a personalização das campanhas eleitorais, por outro, traz riscos associados à desinformação e à manipulação do eleitorado.
A regulamentação, como a imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil, preenche um vácuo legal crucial, mas as medidas adotadas, por mais necessárias que sejam, não eliminam todos os riscos. A própria natureza da tecnologia torna extremamente desafiador garantir que o processo eleitoral esteja totalmente imune a manipulações.
A criação de deepfakes e o uso de IA para gerar conteúdos falsos são cada vez mais acessíveis, e controlar totalmente a disseminação desses materiais, especialmente em plataformas de mensagens privadas, como o WhatsApp, é um desafio considerável.
Portanto, a regulamentação precisa continuar evoluindo, assim como os mecanismos de fiscalização, para acompanhar o avanço da tecnologia e proteger o processo eleitoral. Somente por meio de regulamentações eficazes e transparentes será possível garantir que a IA seja uma ferramenta que contribua para o fortalecimento da democracia, e não para sua fragilização.
Gostou desse conteúdo? Você pode ter acesso a mais artigos como esse acessando nosso blog.